A Câmara da Mealhada aprovou, em reunião de Executivo Municipal, a criação de dois prémios literários – que homenageiam Costa Simões e Maria da Nóbrega – e de um prémio para a historiografia local, em reconhecimento a Adelino Melo.
O Prémio Literário António Augusto Costa Simões será bienal, com a atribuição de um valor pecuniário de 3 mil euros, sendo a edição oferecida pelo Município. São aceites a concurso obras na modalidade de romance, sendo privilegiadas as temáticas diretamente relacionadas com o concelho da Mealhada. A entrega dos originais deve ocorrer até dia 30 de novembro de 2021. A deliberação do júri será até 31 de janeiro e os resultados deverão ser conhecidos durante o mês de fevereiro.
O Prémio, que já havia sido instituído, mas só agora foi regulamentado, procura promover a produção de originais em língua portuguesa e, em simultâneo, divulgar o nome do seu honorável patrono, a mais grada figura do concelho da Mealhada.
António Augusto Costa Simões nasceu em 1819 na Vacariça. Foi doutorado em Medicina pela Universidade de Coimbra, tendo, para além das funções de Professor, assumido a responsabilidade de Reitor da Universidade de Coimbra de (27.9.1892 a 17.2.1898). Conseguiu um donativo para a construção dos Paços do Concelho e do Hospital da Mealhada. Foi presidente da Câmara Municipal de Coimbra em 1856-1857, deputado às Cortes por Figueiró dos Vinhos em 1868 e 1870, chegou a ser Vice-Presidente da Câmara dos Deputados em 1869-1870 e Par do Reino em 2.12.1885.
Foi encarregado de várias missões científicas ao estrangeiro. Deve-se-lhe o início da exploração das águas minerais de Luso e a criação das respetivas termas. Fundador da Sociedade Literária de Coimbra, foi sócio honorário do Retiro Literário Português do Rio de Janeiro e Comendador da Ordem da Rosa do Império do Brasil. Foi-lhe oferecida a Comenda da Ordem de Santiago da Espada, que não aceitou.
Prémio Maria da Nóbrega direcionado para contos
O Prémio Literário Maria da Nóbrega será também bienal, destinado a obras na modalidade de conto. Para a edição de 2021, a temática das obras a concurso é a Mata do Bussaco, património natural do concelho da Mealhada. Terá um valor pecuniário de mil euros, oferecendo o município a edição. Os originais podem ser entregues até dia 31 de março de 2022 para que o júri delibere até final de maio e divulgue os resultados em junho.
Este prémio procura homenagear uma das mulheres mais progressistas do início do século XX. Nascida em 1875, na Mealhada, numa família abastada, Maria da Nóbrega dominava com segurança a arte de bem escrever português, possuindo uma formação cultural alicerçada nos clássicos. Iniciou a sua carreira literária no Jornal O Bussaco, em 1902. Em 1925, com as escritoras Ana de Castro Osório e Sara Beirão, passou a escrever nas revistas Eva, Modas & Bordados, Voga e Magazine Bertrand. E em 1930 publica o seu primeiro livro de contos “Fumo nos Casais”.
Prémio para a Histografia Local Adelino Melo
O Prémio para a Historiografia Local Adelino Melo pretende incentivar a investigação historiográfica local e contribuir para a valorização e promoção do património cultural e identitário. São aceites a concurso obras de natureza historiográfica, em formato de monografia – podendo ir desde o opusculo à monografia mais extensa – sobre temáticas relacionadas diretamente com o território do concelho da Mealhada e com a região envolvente. O prémio terá o valor de 3 mil euros e a entrega dos originais pode ser feita até 31 de dezembro de 2021, sendo o resultado divulgado em maio de 2022.
A investigação historiográfica, nomeadamente em formato monográfico, é um relevantíssimo serviço de recolha cultural, social e identitária. Trata-se, aliás, de uma área em que há um conjunto vasto de temas que, sob todos os pontos de vista, importaria estudar, investigar e, depois, consolidar em trabalho científico que pudesse ser, simultaneamente, um ponto de partida para mais investigações e, um ponto de chegada para a imediata valorização do território e da comunidade.
O Prémio procura ainda homenagear Adelino Melo como um dos pioneiros e mais diligentes investigadores locais, com grande preocupação de registar e divulgar todos os estudos e conclusões que foi tirando, nomeadamente através da imprensa local de que foi grande impulsionador. Nascido em 1879, na Vacariça, Adelino Melo foi comerciante. Apesar da parca formação académica, foi também jornalista, fundador dos primeiros e mais antigos periódicos da região. Mas acima de tudo, Adelino Melo foi um apaixonado pela historiografia do território do concelho da Mealhada