Obviamente que os Palestinianos têm direito a um território, à sua existência pacífica, a viverem de acordo com os seus princípios, sem estarem subjugados ou encravados nas mãos de Israel. Mas isso é outra discussão.
Mas para se perceber ao ponto que esta história chegou, é necessário mergulhar bem fundo, recuar milénios, e evitar de atirarem para os nossos olhos com mapas de 1947, para nos tentarem fazer acreditar que Israel é o intruso.
Compreender a questão geopolítica do Oriente Médio exige uma visão ampla da história da região e passa necessariamente pelo conhecimento da fundação do Estado de Israel.
Se a existência de Israel atual é recente – a independência data de 1948 -, sua história é muito mais longa e se confunde com a do povo judeu e de seus antepassados, os hebreus, da Antiguidade. Pode-se aceitar que ela tenha começado com os patriarcas bíblicos, como Abraão, seu filho Isaac e seu neto Jacó, a quem, segundo o Gênesis (primeiro livro da Bíblia), Deus chamou de Israel.
O nome de Israel se estendeu a uma estreita faixa de terra onde viviam os descendentes de Jacó, entre o mar Mediterrâneo, a península Arábica e a Síria, cerca de 2 mil anos antes de Cristo. Por se tratar de um local que constitui uma ponte natural entre a Ásia, a África e a Europa, a região foi sempre disputada e – da Antiguidade até meados do século 20 – os grandes impérios ali se impuseram: egípcios, assírios, babilônios, persas, gregos, romanos, bizantinos, árabes, turcos e ingleses.
Todas essas invasões resultaram na dispersão dos judeus pelo mundo, em especial a partir de 70 d.C., quando este povo promoveu uma grande rebelião contra o domínio romano. As legiões de Roma reprimiram duramente a revolta e incendiaram o templo de Jerusalém, um símbolo da unidade política e religiosa hebraica. Somente uma parte do muro exterior continua de pé até hoje, constituindo um grande monumento religioso do judaísmo.
De qualquer modo, mesmo dispersos, sem um território que os abrigasse, os judeus conseguiram se manter como um povo ou uma nação, devido ao imenso apego a suas tradições religiosas e culturais, além de uma esperança – ainda que remota – de um dia regressarem a Israel.
Em 2 mil anos de exílio, os judeus sempre constituíram minorias em outros países, sendo constantemente discriminados e perseguidos. O cristianismo, após tornar-se a religião oficial do Império romano, contribuiu bastante para isso, retirando a culpa da crucificação de Jesus que pesava sobre Roma e atribuindo-a aos judeus, que passaram a ser vistos como os “assassinos de Cristo”.
Não é difícil imaginar o que lhes aconteceu durante a Idade Média ou a Contra-Reforma, quando a Igreja católica imperava.
Em meados do século 19, a maior parte dos judeus se encontrava nos países da Europa oriental, como a Polônia, a Lituânia, a Hungria e a Rússia. Nessa época, a antiga Israel era uma província do Império turco, denominada Palestina. Ao mesmo tempo, uma onda de nacionalismo atingia a Europa com a unificação da Itália e da Alemanha.
Desenvolveu-se, então, também entre os judeus um movimento nacionalista que se orientava pela ideia de recriar uma nação judaica no território de sua pátria ancestral. O movimento recebeu o nome de sionismo, que se origina de Sion, a antiga designação de uma colina de Jerusalém que passou a denominar esta mesma cidade bem como a própria Israel.
Milionários judeus – como a célebre família Rothschild – doaram dinheiro para se comprarem terras dos proprietários árabes da região. Embora se tratasse de uma área de pântanos e desertos, muitos jovens judeus da Europa oriental se dispuseram a colonizá-la, para escapar às perseguições e à falta de perspectivas nos países onde viviam. Na nova/antiga pátria, adotaram o velho idioma hebraico como língua comum.
No começo, não houve oposição ao projeto por parte dos árabes, que vendiam os terrenos e conviviam pacificamente com seus compradores. Assim, novas levas de imigrantes judeus foram chegando à Palestina entre 1904 e 1914. A eclosão da Primeira Guerra Mundial alterou o equilíbrio da região e comprometeu as relações entre árabes e judeus, que já chegavam ao número de 60 mil.
Com o fim da Primeira Guerra, o Império britânico, vitorioso, impôs seu poder em todo o Oriente Médio. Seu domínio foi marcado pelo desenvolvimento da economia e da infraestrutura da região (ferrovias, rodovias, sistemas de abastecimento de água, etc.), atraindo novas levas de imigrantes judeus.
Em 1931, eles já eram cerca de 170 mil e suas colônias agrícolas progrediram, assim como suas cidades, Jerusalém, Tel Aviv e Haifa, onde se construíram fábricas, escolas e hospitais. Data desse momento a deterioração da relação entre árabes e judeus. A elite árabe não via com bons olhos os ideais democráticos judaicos nem a modernização social que eles promoviam.
Líderes de comunidades árabes da Palestina passaram a incitar seu povo contra os “invasores ocidentais”. Vieram as primeiras agressões. Os ingleses, a princípio, mantiveram-se omissos. Depois, para preservar seus interesses petrolíferos, procuraram agradar os árabes, limitando a imigração de judeus e a compra de terras na Palestina.
Por sua vez, para se defenderem, os judeus criaram um exército, a Haganah (“defesa”, em hebraico), que se manteve na clandestinidade desde sua fundação, em 1920, até a independência de Israel, 28 anos depois.
A Segunda Guerra Mundial gerou nova reviravolta no Oriente Médio. Fascistas italianos e nazistas alemães apoiaram os árabes com armas e dinheiro para combater ingleses e judeus. Estes, apesar da posição hostil da Inglaterra, aliaram-se a ela em combate ao inimigo comum.
Entretanto, em 1942, quando circularam notícias dos campos de extermínio na Europa, grupos judeus passaram a enfrentar tanto árabes quanto britânicos e a Haganah passou a trabalhar pelo fim do Mandato britânico na Palestina, bem como criou um serviço de imigração ilegal para Israel.
Quando a ONU propusesse uma solução de consenso, a Inglaterra abriria mão de seu Mandato na Palestina. Em abril de 1947, um Comitê Especial das Nações Unidas propôs a partilha da Palestina em um Estado judeu (já com cerca de 650 mil habitantes) e um Estado árabe-palestino (com o dobro dessa população).
A 14 de Maio de 1948, seis horas antes do término oficial do Mandato britânico, David Ben Gurion, que seria o primeiro governante israelense, leu a declaração de Independência de Israel. Os Estados Unidos e a União Soviética, as potências do pós-guerra, reconheceram rapidamente o novo Estado.
O resto é história, chauvinismos e gente que da história entende “pívias” e só sabem andar “a reboque” de extremismos próprios de tresloucados!