Embora o trabalho decente e crescimento económico façam parte do Objetivo 8 do Desenvolvimento Sustentável (SDG) da UNESCO, porque a erradicação da pobreza só é possível através de empregos estáveis e bem remunerados, a verdade é que, globalmente, o número de empregos necessários entre 2016 e 2030 para que as pessoas que entram no mercado de trabalho acompanhem o crescimento da população em idade ativa mundial é de 470 milhões. Isto representa cerca de 30 milhões de empregos por ano, de acordo com dados da ONU. Para além de criar empregos, precisamos também de melhorar as condições de cerca de 780 milhões de mulheres e homens que trabalham, mas não ganham o suficiente para se levantarem a si próprios e às suas famílias da pobreza.
Sendo a empregabilidade um dos três grandes eixos trabalhados pela Ajuda em Ação no nosso país, é neste contexto, e para marcar o Dia Internacional do Empreendedorismo, a fundação ativa a campanha global “Obrigado, por ser Ajuda” e lembra que o empreendedorismo é um meio fundamental para enfrentar os desafios acima mencionados e para cumprir as metas do SDG 8, mostrando-se como uma importante fonte de criação de emprego, contribuindo para a criação de empregos de alta qualidade, para a melhoria da produtividade e para a redução de pobreza, especialmente nas comunidades mais pobres e mais vulneráveis através da criação de emprego e do reforço das comunidades locais, entre outros.
“Nos últimos três meses do ano passado, segundo dados do INE, a taxa de desemprego subiu para 6,5%, devido a um aumento de 12,1% da população desempregada em relação ao trimestre anterior”, começa por dizer Linda Morango, Diretora de Marketing e de Angariação de Fundos da Ajuda em Ação, adicionando que “devemos ter em conta o contexto em que vivemos, ainda muito afetado pelos efeitos negativos da pandemia e a guerra na Ucrânia, que provocaram uma taxa de inflação crescente que não foi acompanhada pela subida dos salários. Urge seremos uma voz ativa pela empregabilidade e empreendedorismo inclusivo junto das comunidades em situação de vulnerabilidade através dos nossos programas e acreditamos que esta campanha vem alertar para esta temática.”
Em Portugal, a fundação já realizou projetos como Jovens em Ação, um programa de empregabilidade que pretende favorecer a inserção de jovens em exclusão social e educativa no mercado de trabalho. O principal objetivo passa pela aquisição de competências e ferramentas de empregabilidade que promovam a sua integração social, culminando numa redução da percentagem de desemprego jovem.
Outro projeto da fundação é o Mulheres em Ação, uma formação em costura que tem como principal objetivo dotar as mulheres em contexto de vulnerabilidade social com ferramentas de desenvolvimento social e formação em literacia digital, incentivando o empreendedorismo em negócios relacionados.
A título de exemplo da ação da fundação em contexto internacional, o Kaffe Bistro é um dos negócios empreendedores dedicado ao processo de produção de café que surgiu após o programa de capacitação da Ajuda em Ação. Com a finalidade de aumentar a empregabilidade jovem nas Honduras, país reconhecido pelo alto índice de desemprego jovem e afetando especialmente mulheres, foram desenvolvidas competências no âmbito do desenvolvimento de planos de negócios, degustação e de barista.
Desenvolvimento económico na forma de empreendedorismo
A Ajuda em Ação está empenhada no desenvolvimento económico que deve ser liderado pelas comunidades locais. A abordagem tradicional é fornecer apoio direto aos atores do mercado, mas isto raramente alcança impactos em grande escala e as mudanças que são alcançadas não são sustentáveis ao longo do tempo. A abordagem da Ajuda em Ação ActionAid vai mais longe e concentra-se em intervenções que mudam os incentivos e o comportamento das empresas e outros atores do mercado para assegurar uma mudança em larga escala, sustentável e inclusiva. Este trabalho é feito através de “facilitação” em vez de intervenção direta para assegurar a sustentabilidade, beneficiando o sistema de mercado como um todo e um maior número de pessoas vulneráveis, quer participem ou não diretamente nos projetos. Promove quadros regulamentares que favoreçam o crescimento inclusivo e compreende a educação e a formação como um direito e como um instrumento para alcançar uma inserção justa nos mercados. Além disso, promove a participação ativa das mulheres, dos jovens e dos migrantes.
Graças a estas abordagens, a Ajuda em Ação consegue promover o emprego e atividades empresariais que geram oportunidades para impulsionar as economias locais e desenvolver cadeias de valor sustentáveis, acompanhando e ajudando as pessoas a ter acesso a emprego remunerado, emprego acima do salário mínimo legal ou a aumentar os seus rendimentos. Além disso, gera oportunidades para jovens em situações vulneráveis de acesso ao mundo do trabalho através de programas de educação e formação.
Sobre a Ajuda em Ação
A Ajuda em Ação é uma ONG de origem espanhola que está em Portugal desde 2019, onde trabalha essencialmente três eixos estratégicos: empregabilidade, empoderamento feminino e educação. Adicionalmente, procura também atuar junto dos públicos mais vulneráveis do país para romper a transmissão intergeracional da pobreza, com projetos realizados em parceria com organizações que também conhecem e atuam no território nacional.