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    InícioOpiniãoAntónio JustoElon Musk desafia e inova a tradicional cultura do discurso político

    Elon Musk desafia e inova a tradicional cultura do discurso político

    A Iniciativa do bilionário Elon Musk convidar a política alemã Alice Weidel para um debate público de caracter global manifesta não só o seu decisivo empenhado em inovações tecnológicas, como também na mudança básica da cultura política...

    O acesso à informação através das redes sociais incomoda principalmente a elite distanciada das populações…

    A condução do discurso público, até agora baseada em táticas e reservada às centrais dos partidos políticos e às empresas jornalísticas envolventes, passa, deste modo, a ter um cunho pessoal de efeito mais democrático através de plataformas globais, por muito contraditório que pareça…

    O filósofo R.D. Precht constata: “Vivemos hoje numa ditadura da tática sobre a estratégia”. De facto, uma política selecionada de palavras contra palavras conduz o público a um caminho errado que pouco tem a ver com a realidade política e os interesses que esta encobre…

    Em tempos pré-eleitorais (23 de fevereiro, depois do voto de desconfiança no “governo semáforo”) surge na Alemanha uma nova controvérsia após a entrevista de Alice Weidel (AfD) e Elon Musk no X Spaces (9.01.2025), onde Musk declarou que o partido AfD é “o partido do senso comum” e “a única salvação da Alemanha”. Isto provocou um terremoto na arena política alemã com ecos em toda a Europa…

    Weidel designou Merkel de chanceler “verde” por permitir a imigração descontrolada e desligar as centrais nucleares, o que teria prejudicado a política energética alemã.

    Musk apoiou a política energética proposta pela AfD e criticou a burocracia alemã, destacando desafios enfrentados por sua fábrica Tesla em Berlim.

    Weigel tem como ponto comum com Musk o controlo da imigração, a redução da regulamentação estatal, uma estratégia energética equilibrada com ênfase na energia nuclear.

    A líder da AfD, Alice Weidel, não está contente com a política de impostos alemã. Ela parte da realidade estatística que “o empregado alemão médio trabalha metade ou mais de metade do ano para o Estado”. A Associação de Contribuintes alemã calculou que, em 2024, uma família média trabalhadora terá pago 52,6% do seu rendimento ao estado. De cada euro de rendimento auferido, restam 47,4 cêntimos, 31,7 cêntimos são para contribuições para a segurança social e o restante é para vários impostos e taxas.

    Musk apoiou a posição de Weidel no que respeita a política energética e de reformas económicas e referindo-se à sua fábrica Tesla em Berlim criticou a burocracia alemã que impede desenvolvimento económico. Disse também que nos EUA o governo dá dinheiro para os refugiados sem documentos.

    Em questões de polarização Weidel rejeitou a caracterização do AfD, por parte da esquerda, como extrema-direita, alegando ser um partido conservador-libertário.

    Em defesa referiu-se a Hitler como “socialista-comunista” e criticou ideologias socialistas de género. De facto, a acusação de a AfD ser racista torna-se abstrata quando Weidel co-presidente da AfD vive numa relação com uma mulher estrangeira.

    Musk mencionou a influência do bilionário George Soros na política e Weidel  referiu também as influências políticas de fundações como a de Bill Gates, apontando um viés em favor de partidos de esquerda.

    A esquerda que se sentia tão bem embalada pelas agências de informação europeias e pelos governos da EU encontra-se em turbulência e especialmente agora que um “mostrengo” Musk oferece à direita o palco internacional X Spaces para dar visibilidade global…

    A função dos governantes é governar e não substituir a tarefa dos jornalistas como ainda fazem e evidenciaram no apoio directo às manifestações das “Avós contra a Direita” …

    Musk critica o excesso de regras e de burocracia e referiu que na Califórnia, apenas 3% de infratores são apanhados e os roubos inferiores a 1000 dólares não são punidos… por isso, o roubo é propriamente considerado legal. Existem leis, mas falta a vontade da sua aplicação.

    No que respeita a questões internacionais Weidel desejou o fim da guerra e conversações entre a Rússia e a Ucrânia (NATO) e defendeu Israel, mas admitiu não ter soluções para o Oriente Médio.

    Musk destacou a importância da paz no Oriente Médio, mencionando Trump como figura central para alcançar tal objetivo.

    Nos últimos 15 minutos Musk fala sobre a sua visão de uma espécie multiplanetária onde se nota o efeito do filósofo Douglas Adam que o influenciou na sua infância.

    Musk falou sobre o seu projecto de colonização de Marte como uma estratégia de sobrevivência da humanidade frente a ameaças como guerras nucleares…

    Sobre a questão do sentido da vida, respondeu que “a vida é mais fácil do que a pergunta”.

    À pergunta de Weidel se Musk acredita em Deus, ele responde: “Estou aberto a todos os sistemas. A minha opinião depende do que aprendo.  Weidel, por sua vez, disse que era curiosa, que era agnóstica…

    A acusação de imiscuição de Musk na política interna alemã é hipócrita; de facto políticos alemães manifestaram-se na Europa e nos USA a favor de Harris e contra Trump. Merz, provavelmente futuro chanceler alemão, fez campanha por Lasconi na Roménia por ela ser candidata amiga da UE…

    António Justo
    António Justo
    Autor do livro de Poesia”Nas Pegadas da Poesia”, do livro “Lutero garante a Emancipação como Princípio impulsionador da Idade Moderna”, autor integrado na Antologia de Poetas na Diáspora, Chefe Red. da revista Gemeinsam.

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