A Câmara da Mealhada aprovou, em reunião de Executivo Municipal, a classificação do “Chalet Suisso” como imóvel de interesse municipal. O palacete, situado na Pampilhosa, está já na reta final de uma cuidada obra de recuperação que o transformará num espaço museológico e interpretativo, quer da sua própria história, quer da vida da Pampilhosa e da ferrovia.
A imponência do edifício marca a baixa da Pampilhosa. Contiguo e virado para a estação ferroviária, o “Chalet Suisso” mostra-se num estilo raro na região, de arquitetura residencial que combina influências suíças e portuguesas – de telhado inclinado, lambrequins de madeira e com barro vermelho da região nas fachadas, portas e janelas. A influência alpina advém da origem do proprietário, Paul Bergamin, emigrante suíço que marcou a dinâmica hoteleira nacional entre o último quartel do século XIX e o primeiro quartel do século XX. Foi em 1886 que mandou construir o palacete, aproveitando o potencial criado pela existência do caminho-de-ferro no entroncamento entre a linha do Norte e a linha da Beira Alta e a dinâmica fabril instalada com a sucursal da fábrica das “Devezas”.
E a visão do proprietário revelou-se certeira, uma vez que a casa foi local de hospedagem de figuras ilustres da nação, como D. Carlos, D. Manuel II e o Infante D. Afonso. “Este edifício, para além de ser belíssimo, conta a história de toda uma época da vila da Pampilhosa e, por isso, tem todos os argumentos para ser um espaço museológico com atratividade para visita a nossa região e o nosso concelho”, sublinha António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada.
“Esperamos que a obra termine em maio, é esse o nosso objetivo”, afirmou o autarca, no decorrer de uma visita ao local.
A intervenção no “Chalet Suisso” inclui interiores e exteriores, com restauro da fachada principal, permitindo uma leitura mais integral da escala original do edifício, e adaptação funcional para fins culturais, com acessibilidades melhoradas, nomeadamente a instalação de um elevador, e novas infraestruturas, como uma sala polivalente, apta a acolher vários eventos. A empreitada salvaguarda a preservação de elementos históricos, como pinturas murais, estuques e carpintarias decorativas, estando agora prestes a entrar, precisamente, na fase de conservação restauro de pinturas interiores com especialistas da área.
O imóvel foi adquirido, em 2017, pela Câmara Municipal da Mealhada, por 349.500 euros. A obra de recuperação foi adjudicada em dezembro de 2021, por cerca de dois milhões de euros.
Os argumentos para a classificação como Património de interesse Municipal prendem-se com o valor histórico, nomeadamente a ligação ao desenvolvimento ferroviário e turístico da Pampilhosa e presença da família real, o valor arquitetónico, a importância cultural e o impacto urbanístico e o seu impacto no reforço da identidade local. O edifício fazia parte de um conjunto arquitetónico ligado ao transporte ferroviário e turismo do século XIX.
O “Chalet Suisso” tem quatro pisos: cave, constituída por armazéns, adega e arrumos; primeiro piso, com hospedaria, cozinha, sala de jantar e o quarto n.º 11, utilizado pela família real; segundo piso, onde existe o Salão nobre, decorado com pinturas murais de paisagens alpinas, tetos estucados e brasões helvéticos, e o terceiro piso, com águas furtadas, destinadas ao pessoal e apoio aos serviços do hotel. Os elementos distintivos incluem um grande janelão no andar superior e um relógio na fachada.