Quem viu o filme “Existenz”, de David Cronenberg, em que humanos se ligavam consolas orgânicas para entrarem em aventuras virtuais, terá registado a estranheza da ficção científica, bem ao jeito do realizador… No entanto, o que parece inalcançável, pode estar mais próximo do que se pensa. A Universidade de Aveiro (UA) participa num projeto internacional para estudar proteínas condutoras de energia financiado pelo Conselho Europeu de Inovação.
O projeto designado e-Prot, *Engineered Conductive Proteins for Bioelectronics*, que envolve equipas de investigação espanholas, israelitas, francesas e britânicas, para além de Portugal (equipa da UA), procura desenvolver um novo tipo de nanocabos condutores de energia baseados em proteínas que poderão vir a revolucionar a eletrónica e a servir de base a novos dispositivos eletrónicos sustentáveis.
A ideia foi sugerida pela descoberta, em 2010, por uma equipa da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, de bactérias que transmitem impulsos elétricos através de ramificações que podem chegar a um centímetro de comprimento. No entanto, no projeto e-Prot, o caminho será diferente. Os investigadores planeiam fazer materiais para a electronica construidos com proteínas especialmente desenhadas com este fim. Estas proteinas seram preparadas artificialmente no laboratorio.
Estes estudos, coordenados pelo Centro de Investigacion Cooperativa en Biomateriales (CICbiomaGUNE), no País Basco, Espanha, ainda no campo da investigação fundamental, salienta Manuel Melle Franco, investigador do CICEO-Instituto de Materiais de Aveiro que coordena a equipa da UA, poderão abrir caminho a poderosas e biodegradáveis baterias, a baterias “verdes”, ou a implantes médicos eletroativos e biocompatíveis.
O e-Prot vai ser financiado com 3.1M euros pelo prestigioso programa FET-OPEN (Future and Emerging Technologies) do Conselho Europeu de Inovação. Para além da equipa coordenadora, e do CIC EnergiGUNE, no País Basco, e da equipa do CICECO/UA, a parceria inclui as universidades espanholas de Santiago de Compostela e de Alicante, a Universidade Ben-Gurion, de Negev, em Israel, e as empresas Smart Fabric Inks, no Reino Unido, e Specific Polymers, em França. O e-prot e o quarto projecto deste tipo na UA e o segundo que recebe o grupo liderado por Manuel Melle Franco.