No documento – analisado com muita preocupação, por parte dos membros do órgão deliberativo – está refletida toda a ação concretizada num ano marcado pela alteração do executivo camarário decorrente das eleições autárquicas.
“Ao contrário do que se dizia, de que esta Câmara tinha contas certas e de que estava financeiramente estável na gestão do anterior executivo, constatamos pelos resultados que, no exercício de 2021, existe um saldo negativo de 710 mil euros”, explica o presidente da Câmara Municipal de Sever do Vouga, Pedro Amadeu Lobo, manifestando-se apreensivo com o trabalho de análise que está a ser realizado à situação das obras em curso. “Já concluímos que temos um ‘déficit’ superior a 2 milhões de euros nas obras em curso, lançadas pelo anterior executivo e cujos custos não estavam devidamente previstos e orçamentados, faltando contabilizar a totalidade de trabalhos a realizar e a compra de terrenos”, sustenta.
Estes factos vêm referidos no relatório do Revisor Oficial de Contas (ROC), o qual também alerta para eventuais prejuízos – não contabilizados – da relação contratual estabelecida entre a edilidade e a AdRA – Águas da Região de Aveiro e que nunca foram ponderados. “A verificar-se esta previsão, teremos uma situação insustentável nas contas da autarquia”, declara Pedro Amadeu Lobo.
“Teremos de ser criativos para conseguir ultrapassar estes constrangimentos, exigindo-se, mais uma vez, que se fale verdade, para que todos estejamos conscientes da realidade e das dificuldades acrescidas de uma gestão sem transparência”, acrescenta o autarca, que espera que a situação encontrada não coloque em causa a sustentabilidade da Câmara Municipal e a concretização de projetos que possam beneficiar dos apoios ao Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) ou ao Portugal 2030 que permitirão minimizar, significativamente, o esforço financeiro a despender pelo Município.